“A dor é temporária. Ela pode durar um minuto, ou uma hora, ou um dia, ou um ano, mas finalmente ela acabará e alguma outra coisa tomará o seu lugar. Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre.” (Lance Armstrong)
Com a frase acima, inicio meu relato sobre a Maratona do RJ, pois a mesma me acompanhou por muitos trechos da prova, mas numa versão resumida: “A dor é temporária. O desistir é para sempre.”
Fui para o RJ no sábado, dia 06/07, com outros “Lobos” (LOBO é o nome da Assessoria Esportiva que me treina): Rogério, Marcelo e Fernando, onde chegamos por lá no final da tarde. Outros já haviam ido no dia anterior e feito um turismo, e outros estavam pra chegar. Após um breve descanso no hotel, fomos para um bate-papo com os demais integrantes da equipe, onde o responsável pela assessoria e treinador, Rodrigo Lobo, pôde transmitir a programação para o dia seguinte e entregar os kits de corrida para os inscritos nas provas de 6 (Family Run), 21 (Meia Maratona) e 42km (Maratona).
Em seguida, um jantar com muito carboidrato (massas em geral), para começar o primeiro desafio: dormir! Pois é, com a ansiedade grande, mesmo me deitando às 22h, acordei às 0h, 2h, 3h...e, finalmente, o alarme tocou às 3h30, hora de levantar em definitivo para tomar um café da manhã às 4h15. Fomos eu e o Antônio, que estava no quarto também, onde somente o Rogério ficou dormindo, pois faria 10km de corrida para treinar. Ele ficou de encontrar com os maratonistas no km 32.
Café caprichado e hora da foto oficial às 4:40 e ônibus para a largada (Recreio dos Bandeirantes), aliás, muito longe do ponto onde estávamos, pois o hotel estava localizado próximo à chegada, no Aterro do Flamengo. Chegamos à largada, fizemos os últimos preparativos, aquecimento, checagem dos suplementos (eu fui com 4 sachês de carboidrato, um para cada 9km). A turma toda ansiosa e animada para percorrer os 42km. Muitos estavam estreando na distância, o que aumentava ainda mais a responsabilidade. Nenhuma nuvem no céu: calor à vista!
O início foi bem tranquilo, às 7h30, nada fora do normal, com muita gente na frente e atrás, dificultando a localização no grupo. Li depois que largaram cerca de 6.000 corredores! Como imaginado, a primeira metade da prova foi bem chata, por já estar “acostumado” com os 21km e pela paisagem ser igual durante esse longo trecho. Corri sozinho, sem outros “Lobos”, praticamente todo esses 21km, encontrando somente o Fábio de Luca, na sua segunda maratona, o qual acompanhei por alguns km e resolvi dar uma segurada por achar que eu estava muito forte. Ele se distanciou, parei para ir ao banheiro no km 21 (onde a Meia Maratona havia largado). Fechei a primeira metade da prova para 1:50:00, quase meu melhor tempo em Meias Maratonas (1:47:00), o que me alertou para um certo “exagero” no ritmo.
Com a bexiga aliviada, abastecimento de água, sais minerais (Gatorade) e carboidrato em dia, segui correndo rumo ao meu destino. Por volta do km 25, alerta geral! Meu velho conhecido, o joelho esquerdo, começou a apitar. Sinal de algo estava para acontecer! Mas, sem escolha pois concluiria a prova de qualquer forma (psicológico preparadíssimo para isso!), dei continuidade ao meu ritmo um pouco mais leve, até pelas subidas que chegavam. A subida não era íngreme, mas era muito longa, calculo que tenha subido durante uns 2 ou 3 km sem parar, enquanto via pessoas caminhando e parando para alongar. Isso não afetou muito meu psicológico, estava muito centrado no meu corpo. Após a subida, veio a descida, também leve, que desembocou numa praia (não me lembro se Leblon ou Ipanema). Por volta do km 31, não teve jeito, meu joelho pediu um alívio, até para sentir a condição real no qual ele se encontrava. Caminhei por 100 m e, milagrosamente, ele parou de doer! Animado, já retomei a corrida, encontrando o posto de apoio da Lobo no km 32, onde estavam Renan (treinador) e Ronaldo (que teve que cancelar sua participação após ser barrado pelo cardiologista dias antes da prova, algo triste para toda a equipe durante todo esse processo de preparação). Pedi uma água de coco (dentro do cardápio oferecido anteriormente) e continuei...
Não durou muito a minha alegria, pois no km 33 a dor aumentou, o corpo pediu mais caminhada, e assim foi. Andei e corri muitos trechos, talvez eu tenha parado para caminhar umas 5 vezes, encontrando outros “Lobos” e “Lobas” no trajeto, passando alguns, sendo passado pela maioria que não parou. Chegou um momento que cada km parecia uma eternidade para ser concluído. Os últimos 3 km, tão fáceis de serem superados em condições normais, tornarem-se a maior prova que já havia feito. A dor no joelho apertou e, quando eu ainda tentava forçar uma corrida, começavam umas pontadas que me ameaçavam de desmontar no chão. Nos últimos kms tive que jogar meu peso, na hora do impacto, sobre a perna direita, que ainda resistia, onde eu estava correndo como se estivesse mancando, para proteger o joelho esquerdo e chegar até o final.
Bom, no último km, o Márcio (que já havia concluído a Meia Maratona) apareceu e me deu uma força até o final. Foi emocionante, a vontade de chorar começou a atrapalhar minha respiração, então engoli o choro, rs. As pernas doloridas e joelho com pontadas, concluir uma prova assim, embaixo de um Sol de 30º, quase meio dia! Tempo total: 4:24:09, ruim para quem pretendia fazê-la abaixo de 4:00:00, mas ótimo para quem teve imprevistos como a dor no joelho.
Após retirar a medalha e desfilar com ela por muito tempo, fui para a tenda da Lobo, onde fiz uma seção de gelo e dividimos muitas experiências com os demais atletas, antes de ir para o hotel. Em seguida almoçamos e fomos para o aeroporto, pensando somente em descansar! É uma sensação muito ambígua a divisão entre o antes e depois da prova, onde antes juramos não fazer outra maratona e, segundos depois, passando a linha de chagada, já começamos a pensar em quando será a próxima, rs.
Durante a prova, contei com a ajuda de muitos Lobos, difícil citar o nome de todos, mas registro aqui meu carinho por cada integrante desse grupo, desde minha treinadora, a Tatiana, que não pode ir para o RJ, meus treinadores “eventuais”, que acompanham tudo que realizamos, até os demais atletas, sempre animados e com ótimos exemplos para serem seguidos!
Tempo oficial da prova: 4:24:09
Colocação: 1831º/3229
Parciais por km: 5:44, 5:43, 5:29, 5:25, 5:18, 5:14, 5:19, 5:17, 5:28, 5:23, 5:13, 5:10, 5:16, 5:14, 5:17, 5:15, 5:14, 5:12, 5:15, 5:15, 6:15 (parada no WC), 5:25, 5:41, 5:42, 5:30, 6:12, 5:59, 6:17, 6:15, 5:50, 5:54, 6:39, 6:52, 7:40, 8:06, 7:41, 11:28, 7:34, 6:17, 7:36, 8:35, 9:06, 4:38 (672m adicionais).








Show Sandro!
ResponderExcluirParabéns pela sua superação, uma maratona é um marco na vida de todos nós, espero ano que vem completar a minha! Imagino a sua felicidade de hoje ser um maratonista, deve ser indescritível.
Grande abraço, foco nos treinos e vamos nessa!
Andre Raittz
Muito legal os seu relato!Parabéns!
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